segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

RECEITA VENCIDA

A semana mal começou e eu já me sinto em condições de levantar novo protesto contra os "poderes públicos" (como eram chamados antigamente os órgãos de governo). Faz poucos meses a ANVISA, Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, publicou uma norma tornando obrigatória a apresentação de receita médica para compra de antibióticos nas farmácias. Até aí tudo bem, nada contra, muito pelo contrário. De fato, havia um certo abuso por parte das pessoas que adquiriram esse péssimo costume da auto-medicação. Parece que todo brasileiro (a) é tirado a doutor! Para certas doenças tem sempre um "palpiteiro" de plantão dizendo "tome isso, tome aquilo..." E não estamos falando ainda das populares "curandeiras" e dos famosos "curandeiros" espalhados pelos quatro cantos do Brasil, "receitando" chás, mandingas, banhos, etc. etc. Tem muita sabedoria mas também  existe muita superstição, quando não picaretagem também.
De qualquer maneira, então, é muito bem-vinda esta norma. Talvez a longo prazo, quem sabe, possamos nos educar no sentido de respeitar mais a nossa saúde e a dos outros. O problema não é esse. A questão que me deixou indignado foi que a norma da ANVISA determina que a receita médica tem validade de apenas 10 dias. Acontece que hoje em dia conseguir uma consulta pelo SUS, em qualquer especialidade, é um grande sufoco. O pobre, o assalariado, o 'lascado" da vida tem que penar nas filas madrugadas a dentro se quiser alcançar a graça de ver um médico face a face. Agora vamos imaginar que o sujeito depois de alguns meses de espera e sofrimento conseguiu finalmente a consulta. Ao sair dali com a receita, feliz da vida, ele mete a mão no bolso e de lá só sai vento. Tá duro! Grana só no fim do mês, e ainda faltam 11 dias pro trocado sair. Resultado, ao chegar a farmácia a receita obtida com esforço descomunal já perdeu a validade. Fazer o que? Tornar a entrar na fila do SUS e repetir a dose de sofrimento?
Entra governo e sai governo, termina um mandato e começa outro (como foi o caso de Lula) e as coisas permanecem no mesmo estado, ou seja, estado de miséria. A carência na saúde pública já se tornou uma espécie de "patrimônio nacional". E a desculpa que o governo PT=PMDB arrumou é a mesma do governo do PSDB: precisamos do dinheiro da CPMF. Como não foi aprovada, não há dinheiro para a saúde do zé povinho. Dane-se! Certamente nos arredores do Palácio do Planalto ninguém sabe o que significa ser paciente do SUS. Nos seus gabinetes acarpetados os políticos e os tecnocratas tomam as decisões que vão prejudicar ainda mais a população. 
Não falta dinheiro coisa nenhuma! O que falta é sensibilidade e solidariedade com quem mais sofre neste país. O que falta, se me permitem, é vergonha na cara mesmo! Das classes dirigentes e do povão que as elegeu.

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