A semana termina em clima de festa, ao menos pro pessoal do Partido dos Trabalhadores (PT) que comemora os seus 31 anos de existência. Não vou aqui discorrer sobre a trajetória desse partido, mas por outro lado não posso deixar de recordar os "bons tempos" que vivi sob a bandeira vermelha com uma estrela no meio. Foram tantas as passeatas, as manifestações de rua, os protestos contra as políticas "neo-liberais" do governo, etc.! Foram tantas as discussões de caráter "revolucionário"! Foram tantos os desejos de ver a "classe trabalhadora" no poder, transformando as coisas erradas que existiam! Foram tantos os sonhos de mudança! Foram tantas as esperanças, alimentadas em nossos corações juvenis!
De maneira muito especial me vem a memória a campanha das "Diretas Já". Por coincidência eu e um grupo de "baianos", estudantes de Filosofia em Belo Horizonte, passávamos aqui por São Paulo exatamente no dia daquele gande comício na Praça da Sé. Vestidos com uma "camiseta ideológica", bandeira do PT nas mãos, lá fomos nós gritar com a multidão: "Eu quero votar pra Presidente!"...
Outro fato marcante: a campanha de preparação para a Assembléia Nacional Constituinte. Trabalhamos na periferia da região norte de BH com mais de dez comunidades. Suamos a camisa para eleger o maior numero possível de deputados do PT porque acreditávamos que somente eles (ou elas) estariam de fato comprometidos com a causa dos empobrecidos. Afinal, era este o verdadeiro (e único) Partido dos Trabalhadores!
A primeira vez que Lula foi candidato então nem se fala! Perdi a conta das vezes em que perdi (a voz) gritando feito um desesperado "Lula lá... brilha uma estrela, nasce a esperança..." Esse grito saia do peito, e muito mais do coração, com a certeza de que aquilo tudo era tudo o que queria, tudo o que sonhava. Havia não apenas um discurso, mas também uma proposta, um ideal a ser perseguido.
Bem, esse tempo já passou. Lula finalmente ganhou, governou e agora o que é que temos? Temos um governo dos trabalhadores realmente? Temos um projeto político que privilegia os menos privilegiados? E não me venham falar de "bolsa família" e outras esmolas oficiais, por favor. Não foi pra isso que perdi minha voz e meu tempo esses anos todos. Temos um governo sério, transparente, que ouve os movimentos populares, os negros, os índios, os camponeses, os operários, etc? Por que foi que o PT incorporou ao seu sagrado patrimônio (patrimônio que nós todos ajudamos a construir com sangue, suor e lágrimas) gente como Sarney, Renan, Jucá, Temer, mensalões, cuecões e outras tantas mazelas? Por que aderiu com tanto cinismo ao neo-liberalismo afinal?
Honestamente (infelizmente), não vejo motivo pra tanta festa.
Olá amigo!
ResponderExcluirDizem o velho ditado que "recordar é viver"assim sendo,recordar essa história que ajudamos a construir vale para ajudar-nos a exercitar nosso cerebro, bem como criticá-la com responsabilidade e autoridade.
Comungo plenamente de suas frustrações, pois como você, fui também "companheira"nesse partido que hoje não tem nada a ver com seus ideais de origem.Não só trago à memória esses momentos emocionantes de sonhos e esperanças que vivemos naquela época, mas os duros momentos de críticas, repressão etc... vividos dentro e fora de nossas comunidades,noites perdidas apoiando os jovens em panfletagens que não podiamos fazer á luz do dia...
Quem não se lembra das campanhas("vaquinha"),feijoadas,feira de pichincha,teatro para arrecadar verba para comprar o material de campanha para nosso município, os tais( brochinhos de Lula,estrelinhas ainda as tenho guardadas, bandeiras,bonés...)tudo isso são arquivos da nossa memória histórica que nada apagará, pois o que se vive desde o coração não se esquece. Pena que esses "companheiros de hoje" tem o coração centrado no PODER e daí todas as desgraças que acompanhamos como o caso de Belo Monte e tantas outras.Oxalá! fazia-lhes bem ler este seu texto.
Contudo,não podemos "tirar a toalha", ou seja deixar de sonhar, e alimentado pelo sonho seguir lutando por este país que queremos para TODOS.