FILMES QUE EU JÁ VI

"ALÉM DA VIDA"
Exercitando o meu espírito ecumênico e procurando combater firmemente um certo preconceito que existe em mim, fui assistir esta "película" (ops!) cujo diretor é o consagrado Clint Eastwood, na verdade um grande ator que a meu ver nunca deveria ter se aventurado nesta segunda profissão... O longa tem como tema a "mediunidade", hoje tão em moda, especialmente entre as classes médias da sociedade.
 O que dá sentido ao enredo é a busca por uma resposta, ou talvez
 "A" resposta: 
o que existe depois da morte?
A humanidade vem fazendo esta pergunta "desde que o mundo é mundo". Evidentemente muitas tentativas de responde-la já existiram, existem e com certeza nunca deixarão de existir.
Mas o que chama atenção no filme é uma certa falta de coerência, digamos assim, ideológica. 
Vejamos:
1) Apesar de ocorrerem histórias paralelas, o enredo gira mais em torno da figura do "medium" (indeciso e inseguro do começo ao fim);
2) Entretanto, o espiritísmo de certo modo é até ridicularizado quando o próprio autor faz questão de mostrar outras situações em que a doutrina parece ser uma farsa;
3)O filme tenta privilegiar, ainda que nas entrelinhas, um certo caráter "científico" às "descobertas" da atriz principal (a jornalista que sobreviveu ao tsunami e "viu" a morte de perto) ;
4) Porém, de "científico" não tem nada: o que prevalece é a velha doutrina espírita, ou seja, é possível -não se sabe como nem porque- fazer contato com os mortos através de pessoas "sensitivas".  
A cena final, então, é quase surrealista (!) O galã (medium, sensitivo, ...) descobre de uma hora pra outra que além de ouvir os falecidos também tem capacidade de "ver" o futuro, aliás, o seu próprio futuro de amor com a jornalista que visitou o "além" mas de lá voltou. 
Será que o autor quis dar um toque de romantismo ao epílogo dessa história tão mal contada?
Bem, creio que o filme de Eastwood não agrada aos espíritas mais inteligentes. Muito menos aos incrédulos como eu. 




"A REDE SOCIAL"
Não é realmente um "grande" filme, mas dá pra gente sair do cinema refletindo um pouco sobre as possibilidades e os perigos do mundo digital. 
Trata-se da história do fundador do FACEBOOK, hoje o bilionário mais jovem do mundo, suas idéias revolucionárias mas também seus conflitos éticos.
O filme é baseado em fatos reais, e mostra que o domínio da tecnologia não necessariamente nos torna seres mais humanos e éticos.
Muito pelo contrário, o jovem Mark ao final é um rapaz rico, mas também extremamente depressivo e triste.
Recomendado sobretudo para aquelas pessoas que rezam diariamente ao pé do altar das máquinas modernas clamando por uma salvação que não virá, creio eu.


"DE PERNAS PRO AR"
(Direção de Roberto Santuci)
Ninguém em sã consciência põe mais em questão a qualidade do cinema brasileiro. A prova mais forte disso é o estrondoso sucesso de "Tropa de Elite II", a maior bilheteria do cinema nacional até hoje.
Confesso que fui assistir "De pernas pro ar" sem grandes expectativas, embora sabendo que a simples presença de Ingrid Guimarães já pagaria meu ingresso de qualquer forma. Trata-se uma das melhores comediantes do Brasil nestes últimos anos. 
O filme trata de um assunto bastante atual, ou seja, o difícil equilíbrio entre casa e trabalho, família e emprego, entre o SER e o TER. O que é mais importante, prestar atenção às relações afetivas ou ganhar dinheiro? Nesta perspectiva o filme coloca também a questão da importância do sexo no casamento. Faz parte, e não pode ser deixado de lado.
Obcecada pelo sucesso profissional, o personagem vivido por Ingrid "esquece" o resto (marido, filho, sexo, afeto, etc) e isso quase termina destruindo a sua família.
É um filme pra se ver, dar boas risadas mas também refletir sobre o sentido da vida e do amor. Nem tudo se resolve com dinheiro.
Recomendado para todos os casais, sobretudo os mais jovens.