"Há seis universitários no país para cada estudante de escola técnica. Nos países desenvolvidos, a proporção é de três estudantes em universidades para cada aluno de curso profissionalizante".
Estou copiando a informação que foi publicada ontem dia 02 de maio, pela "Folha de São Paulo", em um dos seus editoriais, porque, de algum modo, ela vem confirmar o que há muito tempo eu já desconfiava, ou seja, tem "universitário" em demasia (DIL-masia?) neste país. Aliás, é público e notório (ops!) que em cada esquina do Brasil pode-se encontrar uma "faculdade". Virou uma verdadeira febre!. Muitos empresários migram de um negócio para outro, isto é, deixam suas antigas atividades e abrem "faculdades", Deus sabe como! Tudo indica que o negócio é altamente lucrativo. Assim como a saúde já havia sido privatizada, também a educação virou negócio, virou comércio.
Uso aspas nas palavras universitário e faculdade e o leitor(a) bom de gramática poderia, quem sabe, me corrigir. Mas argumento o seguinte: não se pode dar este título a qualquer pessoa, até mesmo em respeito ao sentido original do termo. Supõe-se que ao chegar ao terceiro nível de escolaridade, o curso superior, a pessoa tenha uma formação intelectual relativamente sólida e nós sabemos que isto não acontece. Depois, grande parte dessas "faculdades" que abrem (e fecham) a cada minuto, são, na verdade, verdadeiras "fábricas de diplomas", sem nenhuma condição de ostentar o título. O aluno não presta, e a faculdade idem!
O Brasil começa a viver uma crise de mão-de-obra técnica especializada, e isto tem consequências graves para o desenvolvimento do país. Ora, uma das causas desse problema é exatamente a falta de incentivo à formação técnica dos nossos jovens. Hoje em dia todo mundo quer ser "universitário", custe o que custar. E quem tem um dinheirinho para pagar a mensalidade (sempre cara) se matricula com facilidade nessas fábricas rotuladas de curso "superior". Enquanto isso, as carreiras técnicas se esvaziam e o mercado de trabalho continua carente de pessoal.
Agora, forçado pela pressão das empresas e atropelado pelo rítimo do desenvolvimento, o governo anuncia o Prouni do ensino técnico. Tomara que a medida (que já chega tarde) consiga a longo prazo reverter esta onda que empurra a nossa juventude para o sonho (pesadelo, muitas vezes) da carreira superior.
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