Acordo bem cedo e ligo o rádio para ouvir as últimas notícias, que pra mim são, na verdade, as primeiras do dia. Ouço, então, indignado, as declarações dos senhores ministros do governo da Dona Dilma ao término da "reunião de emergência", convocada por ela para tratar da questão da violência no campo. O país ainda está chocado com a morte, poucos dias atrás, de quatro pessoas ligadas a luta em defesa do meio-ambiente no sul do Pará e isso provoca uma reação internacional que é muito ruim para a imagem do Brasil lá fora.
Ora vejam bem, a primeira constatação que se faz é esta: o governo só reage quando a grande mídia martela em cima da notícia. Em seguida ao escândalo, algumas providencias são tomadas, sempre como o maior estardalhaço possível para dar bastante visibilidade. Verbas e mais verbas são liberadas (de boca) e a Polícia Federal é acionada. Governadores se unem ao Presidente(a) de plantão e prometem combater duramente a violência em seus estados. Moral da história, depois de algum tempo (não muito) a mídia se esquece de cobrar, o povo se ocupa de outros escândalos, pois escândalos é o que não falta nesse Brasil nosso de cada dia, e tudo continua como antes e com sempre foi.
Meu Deus, as mortes anunciadas são muito bem conhecidas das autoridades. A CPT, Comissão Pastoral da Terra, organismo não governamental ligado a Igreja Católica, tem listas e mais listas com nomes de pessoas marcadas para morrer. Isso não é novidade não! Novidade seria se as autoridades deixassem de lado a demagogia e tomassem alguma providência séria para proteger essas vidas humanas. Novidade seria constatar que esse governo está fazendo algo diferente do que fizeram tantos outros, ou seja, um programa efetivo de proteção ao meio-ambiente a partir de políticas públicas coerentes e corajosas.
O novo código florestal, que ao cidadão comum parece inofensivo, desmente o falatório mentiroso dos nossos políticos e governantes. Não, definitivamente não vamos proteger a Amazônia, vamos privilegiar o agronegócio, os madereiros e suas máfias. Em consequência dessa postura, dessa verdadeira opção política, teremos mais mortes no campo com certeza. E com certeza teremos também, depois de cada assassinato ou tragédia, mais discursos bonitos e promessas mirabolantes, que outra vez, mais uma vez, não serão cumpridas.