segunda-feira, 4 de abril de 2011

TODO MUNDO JÁ SABE

O jornal "O Estado de São Paulo" trouxe na sua edição do ultimo domingo um texto magnífico do escritor baiano João Ubaldo RIbeiro. Eu sou suspeito para falar de João Ubaldo porque desde muito tempo sou seu fã de carteirinha. Ele escreve com simplicidade mas ao mesmo tempo com muita precisão, sem contar, é claro, que o seu senso de humor-quase-ironia é cortante como um fio de navalha bem afiada. João escreve sobre o cotidiano das pessoas e sobre os fatos comuns que acontecem. Diria até que ele sabe "desvendar" ou "des-velar", quer dizer, "tirar os véus" que por vezes encobre a realidade social e política brasileira.
Por pura coincidência ou talvez porque de algum modo comunga com o meu pensamento e opinião (que pretensão esta minha, não?), João Ubaldo fala sobre certos temas que de tão batidos e rebatidos já passaram a fazer parte do nosso dia a dia sem conseguir provocar mais nenhuma reação ou indignação. Por exemplo, nestas duas últimas semanas a TV Globo mostrou pela enéssima vez a situação caótica em que se encontram as nossas estradas e também o drama daquelas pessoas que precisam dos serviços de saúde e não possuem outro recurso senão buscar a rede pública.
As duas reportagens não trouxeram nenhuma novidade. Todo mundo sabe (e já faz tempo) como atuam os policiais, ou boa parte deles. Todo mundo sabe também que a prostituição e o comércio de drogas acontecem impunimente pelas estradas do Brasil. Do mesmo modo ninguém neste país desconhece o fato de que a saúde pública é uma verdadeira catástrofe. E se formos fazer aqui a lista dos nossos dramas e calamidades teremos que gastar rios de tinta e toneladas de papel certamente.
Compartilho, então, da mesma fé do meu ilustre conterrâneo, isto é, nada vai mudar com estas reportagens. Os nossos governantes vão continuar de braços cruzados, assistindo solenemente (descaradamente) o triste espetáculo. Na melhor das hipóteses darão entrevistas dizendo isto e aquilo, fazendo promessas que jamais serão cumpridas ou jogando a culpa nos seus antecessores (de FHC para trás, é claro...). E o Brasil continuará do jeito que está.

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