Eu acho incrível essa "capacidade", digamos assim, que os governantes brasileiros, independentemente do partido (quadrilha?) que esteja no poder, possuem de sempre chegar "depois do leite derramado", ou seja, de querer fechar a porta após o ladrão ter entrado e levado tudo. É deveras impressionante este "jeitinho brasileiro" de correr atrás do prejuízo. Não se fala em prevenção, planejamento, projetos estruturais, etc., ou quando se fala tudo não passa de "blá-blá-blá", ou "conversa pra boi dormir"... Na realidade, passada a tragédia, por pior que ela tenha sido, as coisas voltam a ser como eram antes. Não se faz nada, não se muda absolutamente nada. Quando muda, muda muito pouco e não resolve o problema.
Querem um exemplo mais recente, ainda fresquinho na nossa (curta) memória? A calamidade provocada pelas enchentes na região serrana do Rio de Janeiro que matou cerca de duas mil pessoas. Em que pé estão os projetos anunciados brilhantemente pelos senhores ministros? Outro exemplo? O ENEM em suas duas últimas edições. Depois do primeiro fracasso, motivado simplesmente pela incompetência da equipe do Sr. Ministro da Educação, o que foi que aconteceu? Nada! O Presidente do INEP, instituto ligado ao MEC que prepara as provas, só foi demitido depois de muito falatório por parte da imprensa e graças ao perfil técnico que graças a Deus Dona Dilma imprime ao novo governo.
Toco hoje neste assunto porque fiquei indignado com a demagogia do Governo do Rio em relação ao caso deste massacre de doze adolescentes numa escola pública de lá. A TV não se cansou de mostrar a movimentação de psicólogas e assistentes sociais ao redor das famílias que perderam seus filhos e filhas na tragédia. "Mundos e fundos", como se dizia antigamente, foram prometidos pelos caras-de-pau do governo. Ora bolas, e agora como se explica que esse assassino passou pela escola, e como aluno da rede pública viveu um bom tempo sob a proteção, ao menos teoricamente, do estado sem que o seu gravíssimo problema psicológico tivesse sido detectado e tratado? A escola lhe ofereceu esse tratamento? Como é que uma criança apresenta sérios indícios de transtorno mental e nenhum educador descobre isso? As escolas públicas brasileiras possuem uma estrutura técnica adequada para esses casos?
Não estou querendo aqui de modo nenhum justificar o ato deste psicopata. Mas também não creio que agora a gente deva ficar jogando pedra como se ele fosse o único culpado. Não tenho receio de dizer que o estado é tão culpado quanto ele por não lhe ter ajudado na hora certa. E como Wellington talvez existam milhares de crianças por esse Brasil a fora precisando de um acompanhamento social e psicológico. Vamos esperar, então, por novas tragédias?
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