sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO ?"

O episódio ocorrido esta semana em São Paulo, envolvendo um delegado de polícia e um cadeirante, me fez pensar nas relações de poder mal administradas, digamos assim, que existem no Brasil principalmente. O Dr. Delegado, justamente ele, que deveria zelar pelo cumprimento da lei e combater os infratores, estacionou o seu carro em local reservado a portadores de necessidades especiais. O fiscal da lei deu um péssimo exemplo. Pago por nós, os contribuintes, para cuidar da ordem, resolveu instalar a desordem no meio da rua. Então, como é que a sociedade pode confiar num sujeito como esse? 
O que está por trás desse tipo de comportamento é a prepotência que de certo modo parece estar embutida na personalidade dos brasileiros. Por aqui as pessoas que desfrutam de uma fatia de poder, por menor que seja esta fatia, "empinam o nariz" e se colocam acima da lei. No Brasil a palavra "autoridade" é vista não como uma prestação de serviço aos cidadãos e sim como um privilégio, um status social para se gozar ao máximo. Todo mundo que se julga com alguma "autoridade" quer mandar e "desmandar", não reconhecendo nada a sua frente que não seja o vulto glorioso do seu poder. E o primeiro e maior exemplo, aliás, vem de cima, vem dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). A famosa "carteirada", quando o servidor público faz uso do cargo para usufruir algum tipo de vantagem -às vezes até ilícita- não é uma ação reservada ao delegado de polícia não. Quem estiver fora dessa situação que atire a primeira pedra (ou a primeira carteira...).
Precisamos mudar com urgência esta mentalidade tacanha e "terceiromundista". A presidente, o deputado, o senador, o governador, o prefeito, o juíz, o delegado, o sargento, o cabo, o diretor, o chefe de seção, etc. etc. são sustentados pela sociedade. Então é justo esperar o retorno, ou seja, que essas pessoas exerçam o poder da maneira correta. Os agentes públicos devem enxergar no exercício do cargo um modo de servir a coletividade, de cuidar da sua segurança, do respeito aos seus direitos, do cumprimento dos seus deveres, de zelar enfim do seu bem-estar em geral. 
Termino recordando aquele que é princípio básico do regime democrático: "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido!". Então, meu caro doutor, como o próprio nome já diz, o senhor é delegado sim, mas quem lhe "delegou" este poder foi o povo!

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