O Jornal do Brasil publicou ontem, domingo, uma ampla matéria sobre a Igreja Católica no Brasil, destacando como sempre, aliás, a questão da perda ou da diminuição expressiva do numero de católicos praticantes. A reportagem apesar de ampla não considera todos os aspectos do problema (se é que existe problema). Tenta falar de tudo e acaba não falando de quase nada, ou pelo menos nada do que realmente interessa.
Creio que é preciso, dentre outras coisas, esclarecer o que todo já sabe mas às vezes finge não entender. A Igreja Católica Apostólica Romana não possui mais o monopólio da fé e da religião. O tempo da chamada "cristandade" já passou. Ninguém mais "nasce católico" ou segue a religião dos seus pais por uma simples questão de costume ou tradição. Por outra parte, também as ligações Igreja-Estado foram rompidas com a chegada do "Estado laico", isto é, sem religião oficial.Cessaram os privilégios que a Igreja possuia e agora cada qual cuida da sua área.
Dizer que os católicos diminuiram é um fato que ninguém pode negar. Agora, o que isto tem de ruim? A meu ver, nada. Muito pelo contrário, talvez hoje a "qualidade" seja até melhor do que antes. Passado o tempo de uma certa imposição da fé católica, chegou o momento da opção livre que leva quase sempre a um comprometimento maior com a comunidade de fé. Uma Igreja toda-poderosa dará lugar, quem sabe, a uma Igreja mais humilde, mais simples, mais aberta ao diálogo com todos os setores sociais. Por outro lado, vivemos numa sociedade que se caracteriza sobretudo pela pluralidade de ideias, inclusive religiosas. Não há como fugir disso! Então, se quisermos viver nesta sociedade cada vez mais aberta e plural, não podemos pretender uma hegemonia, um domínio de uma fé sobre as outras.
Sinceramente, eu não estou nem um pouco preocupado com esta situação. O que me preocupa é como vamos sobreviver nesta sociedade multi-cultural, "multi-modal",diferente. Como a hierarquia da Igreja vai saber (ou se vai saber) enfrentar os novos desafios que tem pela frente. A coisa não é fácil! Se ela recuar para as trincheiras do conservadorismo -como parece estar acontecendo sob o pontificado de Bento XVI- com certeza daqui a alguns anos os católicos formarão apenas um gueto, uma parcela ainda expressiva, mas com pouca influência concreta nos destinos da humanidade. A Igreja Católica não passará de uma sombra muito tímida do que já foi no passado.
Uma boa semana para todos voces que me acompanham!
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