E de repente, não mais que de repente, a pequena e pacata Cidade de Santo Antonio do Descoberto, na divisa entre Goiás e o Distrito Federal, foi "descoberta" pela Globo e saiu no Jornal Nacional. O assunto foi manchete também em todos os jornais e demais veículos de comunicação, sobretudo aqui de Brasília. Deus do céu, o "bafafá" foi grande, "o couro comeu" e "o bicho pegou" nas ruas de Santo Antonio segunda feira que passou.
O povo foi às ruas protestar contra a administração municipal. Não houve uma orquestração de lideranças ou de movimentos político-sociais (MST por exemplo) ou até mesmo um objetivo específico, mas tudo indica que a insatisfação popular tinha a ver com o abandono em que o município se encontra. Como em quase todo o interior do Brasil (pra não falar das capitais, que isso todo mundo já sabe...) a carência é total e absoluta: falta escola, falta hospital, falta transporte, etc. etc. e sobra incompetência, má vontade, corrupção e descaramento por parte do administradores da coisa pública.
Mas a novidade aqui não é exatamente a constatação dessa triste realidade e sim o fato de que os cidadãos e cidadãs resolveram invadir as ruas e praças da cidade para que o seu grito de protesto fosse ouvido. Cansadas de pagar impostos e não ver o mínimo retorno, as pessoas deixaram o comodismo de suas casas e "botaram a boca no mundo". Mesmo sabendo que a repressão policial iria fatalmente acontecer, o povão ergueu a cabeça e foi em frente.
Ainda que condenando o vandalismo e alguns excessos ocorridos durante a manifestação, creio que este episódio revela uma coisa muito importante: o povo brasileiro não é tão acomodado nem tão bobo quanto se imagina. O "brasileiro cordial", festejado ainda hoje por uma certa corrente antropológica, nem sempre é cordial com quem lhe ofende ou maltrata seus direitos fundamentais. Quem duvidar que experimente!
Num momento como este, em que tudo parece tranquilo e o clima aparentemente é de progresso econômico e de paz social, é bom que os políticos fiquem de olho no termômetro que marca o grau de humor do cidadão. Não brincar com fogo, afinal, é um sábio conselho nesta hora.
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