quinta-feira, 28 de julho de 2011

ESTUDANTES ENVERGONHADOS

                A política estudantil sempre foi uma verdadeira escola de política. Perdoem-me a redundância dos termos, mas o que eu quero dizer (e a história não mente) é que o ambiente escolar foi o celeiro da maioria dos grandes líderes políticos, de modo especial aqueles ligados a partidos de esquerda. As discussões, os debates, os movimentos reivindicatórios, muitas vezes por coisas pequenas até, resultaram na formação de uma consciência política por parte da nossa juventude. De uma forma ou de outra, foi na escola que a nossa geração aprendeu, digamos assim, a ter ideais e a fazer política. O ambiente escolar moldou a nossa cidadania, aquela cidadania construída a ferro e a fogo, de modo especial nos anos 60 e 70. Neste sentido os famosos "grêmios estudantis", formados por alunos dos ensinos fundamental e médio, e os "diretórios acadêmicos" das faculdades, sem dúvida jogaram um papel importantíssimo.
                      Escrevo este pequeno comentário hoje porque a imprensa aqui do Distrito Federal andou jogando algumas luzes sobre a situação da UNE, a União Nacional dos Estudantes, e as ligações que os seus ex-presidentes passaram a ter com o Governo Federal a partir do mandato de Lula da Silva. E não apenas os ex-presidentes mas a própria entidade. Sabe-se agora, por exemplo, que todos os antigos dirigentes estudantis saíram da UNE muito bem empregados, a maioria no Ministério do Esporte, a  parte do espólio da "viúva" que coube ao PC do B. Além do mais, a UNE vem recebendo grossas quantias, isto é, "subvenções", do governo, cuja aplicação ninguém sabe como acontece, uma vez que a prestação de contas nunca apareceu nem dá indícios de que vá aparecer algum dia. Em poucas palavras, uma vez no poder, a galera vermelha meteu a mão no dinheiro público sem dó e sem piedade, passando uma borracha nos velhos discursos ideológicos de esquerda. Agora vale o "salve-se quem puder", e todo mundo quer tirar a sua "lasquinha"....
               Confesso que tenho até vergonha de dizer estas coisas. Isto não é política estudantil, é picaretagem, é enganação, é uma grande mentira. Esta não é a UNE, é uma quadrilha de gente safada que se esconde por trás da classe estudantil. Por outro lado, tenho saudades também. Tenho saudades daquele tempo em que gritávamos nas ruas e praças deste país. Tenho saudades daquela nossa vontade de mudar o Brasil. Tenho saudades da nossa indignação e do nosso protesto firme e forte. Tenho saudades, enfim, daqueles ideais da minha juventude, e peço a Deus que alimente no coração dos jovens de hoje alguma esperança de mudança um dia.

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