Não tenho nada contra a Copa do Mundo programada para acontecer no Brasil em 2014, embora continue concordando com o ex-jogador Romário e acreditando que só mesmo Jesus salvará o país de um vexame incomensurável (ops!). Também nada tenho contra o futebol, muito pelo contrário, fiquei foi contente com a volta do meu querido Esporte Clube Bahia a primeira divisão do campeonato brasileiro este ano.
Faço hoje este comentário porque em Brasília o governo está construindo um estádio de 600 milhões de reais para abrigar dois ou três jogos da próxima copa da FIFA. Tudo bem, estádios custam caro e o futebol movimenta a economia local. Mas o problema é que a Capital Federal vive hoje um clima de desolação. Somente quem vive e sofre por morar em Brasília é que sabe! Neste momento, por exemplo, os hospitais públicos estão simplesmente parados por causa de uma greve de funcionários. A saúde por aqui é um reflexo do que ocorre, aliás, em quase todo o país, ou seja, um desastre total e absoluto. Falta até esparadrapo e mertiolate! Médico, esse ninguém vê a cara! O povo sofre, geme e chora nas longas filas que se arrastam madrugada a dentro, dia sim, outro dia também.
Mas não o desastre brasiliense também atinge os transportes públicos. O DF tem uma das frotas de ônibus mais antigas do Brasil! O povo chama de "navio negreiro" o carro que é obrigado a pegar todos os dias para ir trabalhar. A máfia dos donos de empresas domina completamente os órgãos do governo responsáveis pela fiscalização e os chamados "deputados distritais" enchem os bolsos com dinheiro de propina. As avenidas estão cheias de buracos ou na melhor das hipóteses cheias de remendos e irregularidades no asfalto. O transito é caótico de dia e de noite.
As escolas da rede pública do DF estão caindo aos pedaços. Nas cidades do chamado "entorno de Brasília" além da poeira e do lixo, a população é obrigada a matricular seus filhos em colégios sem condições de uso. Esta semana mesmo o Ministério Publico mandou interditar um prédio escolar por questões de segurança. A reforma, orçada em 4 milhões, está parada a mais de um ano. Enquanto isso, as obras do novo estádio (de 600 milhões) prosseguem em rítimo acelerado.
Repito, nada contra a Copa nem muito menos contra o futebol, mas será que as prioridades do Brasil neste momento não seriam outras? Alguém do governo de Dona Dilma teve a preocupação de perguntar o que é que o povo quer realmente? Estádio ou hospital? Estádio ou escola? Ou queremos encher os novos estádios de gente faminta, doente, analfabeta e miserável? Que tipo de progresso será este afinal?
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