Ontem aqui em Brasília os deputados aprovaram a chamada "Lei da Copa", depois de muito bate-boca e conchavos os mais obscuros e impublicáveis que se possa imaginar. O projeto de lei que agora vai a votação no plenário da Câmara dos Deputados, admite a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos da Copa de 2014. Isso contradiz frontal, e eu diria até descaradamente, uma outra lei aprovada pela mesmíssima Câmara que proíbe (proibia?) a cervejinha dos torcedores em dia de jogos. O objetivo, como todos sabem -e quem tem um pingo de juízo na cabeça haverá de concordar- era combater a violência nos estádios, algo que a bebida com toda certeza ajuda a aumentar.
Como é que ficamos agora meus senhores? Como diria o bom Cazuza, de saudosa memória, "Que país é este?" Se vivo e bem vivo estivesse, talvez hoje ele acrescentasse uma palavrinha para demonstrar ainda mais a sua indignação: "Que PORRA de país é este?" Os interesses econômicos da FIFA conseguiram rasgar uma lei legitimamente aprovada pelos representantes do povo brasileiro? Isso aqui é "casa de mãe Joana" por acaso? Vale a pena sacrificar a nossa respeitabilidade, a nossa honradez por causa de um torneio de futebol? O que é que o Brasil vai ganhar com isso?
Até os postes de Brasília sabem que o que tem por trás, o que rola nos bastidores tanto do futebol mundial (FIFA) como do nacional (CBF): a CORRUPÇÃO e o CRIME. Mas essas máfias modernas são mais poderosas do que sonha a nossa vã filosofia!... Ainda estão muito frescas nas manchetes dos jornais os escândalos (uma pontinha apenas do grande iceberg) ocorridos nessas duas instituições. João Havelange e Ricardo Teixeira jamais resistiriam a uma investigação policial que tivesse um mínimo de seriedade. Acho que boa parte dos nossos nobres deputados também não. Pois foi a este sistema criminoso que nos dobramos ontem como nação. É mole ou querem mais?
De hoje em diante vou torcer de todo coração pelo FRACASSO da Copa do Mundo no Brasil. Eles vão vender muita cerveja, mas não vão ganhar todo o dinheiro que esperam não. E quem sabe depois dessa ressaca de cidadania, um dia o Brasil ainda volte a ser um país onde a lei é lei.
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